Genard Carneiro da Cunha Nóbrega

 

 

Acervo Fiocruz/COC, 1950.

BR RJCOC 02-10-20-10-019-001

 

 

 

 

 

Nascido em João Pessoa, no ano de 1907, Genard Nóbrega[1] era integrante de uma importante família paraibana, um dos seus irmãos, Fernando Nóbrega, foi Ministro do Trabalho do governo Juscelino Kubitschek, e outro, Humberto Nóbrega, atuou como reitor da Universidade Federal da Paraíba.

 

Formou-se em medicina pela Faculdade Medicina do Rio de Janeiro, em 1929, passando a atuar como interno na Maternidade da Santa Casa do Rio de Janeiro, sob supervisão do Professor Miguel Couto. Defendeu tese intitulada Do Prognóstico das Nefropatias, pela qual recebeu o prêmio Torres Homem. Já na década de 1930 foi livre docente concursado da Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, na cadeira de Doenças Tropicais e Infeciosas.[2] Realizou cursos sobre doenças tropicais nos Estados Unidos e na França. Já no Instituto Oswaldo Cruz atuou como clínico no Hospital de Manguinhos, instituição que realizava pesquisas clínicas e atendimento a doentes, posteriormente renomeado como Hospital Evandro Chagas.

 

Com a inauguração, em 1943, do Centro de Estudos e Profilaxia da Moléstia de Chagas (CEPMC), na cidade mineira de Bambuí, Genard Nóbrega foi enviado para atuar, juntamente com Emmanuel Dias e Francisco Laranja, nas investigações sobre a fase crônica da doença de Chagas e seus aspectos cardíacos. Tido como homem afável e tímido, assim se referiu a ele o colega, F. Laranja: “Outro componente da nossa equipe era o clínico Genard Nóbrega. Era uma figura um pouco diferente, fazia o tipo de médico sacerdote. Parecia um padre; todo mundo, quando tinha problema, ia falar com o Nóbrega. Era aquela bondade em pessoa, aquele sossego, aquela tranquilidade de espírito, compreendeu? Ele encampava o problema de todo mundo”.[3]

 

Segundo Emmanuel Dias, Nóbrega e “vários médicos ilustres”, visitavam Bambuí, “contribuindo para o “aperfeiçoamento das pesquisas clínicas”. Além disso, pacientes da cidade eram “internados no Hospital Evandro Chagas aos cuidados do nosso colega e colaborador Dr. Genard Nóbrega”.[4] O médico paraibano foi diretor do Hospital Evandro Chagas por muitos anos. Em 1953 foi indicado, pelo primeiro Ministro da Saúde da história do Brasil, Miguel Couto Filho, como seu chefe de gabinete.[5]  Em 1954, quando do afastamento de M. Couto para disputar eleições, assumiu o Ministério da Saúde interinamente, até a posse de Mário Pinotti.[6]

 

Genard Nóbrega também foi Presidente do Instituto Vital Brazil, entre 1957 e 1959, e Diretor do IOC, nos anos de 1975 e 1976. Membro honorário da Academia Nacional de Medicina, foi importante gestor e estudioso clínico de doenças tropicais. Faleceu no Rio de Janeiro, no ano de 1977.[7]

 

 

 

Projeto Memória. Trajetória histórica e científica do Instituto René Rachou – Fiocruz Minas.

 

 

[1] Genard Carneiro da Cunha Nóbrega. Base Arch, Fiocruz. Disponível em:

<https://basearch.coc.fiocruz.br/index.php/genard-carneiro-da-cunha-nobrega>.

[2] A União, Órgão Oficial do Estado da Paraíba, João Pessoa, n. 292, 30 dez. 1938, p. 8.

 

[3] LARANJA, Francisco. O olhar da cardiologia: Francisco Laranja e as pesquisas sobre a doença de Chagas. Entrevista concedida a Goldschmidt, R.; Benchimol, J. e Chor Maio, M. Apresentação: Hamilton, W. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 16, supl. 1, jul. 2009, p. 103-104; HAMILTON, Wanda; AZEVEDO, Nara. Um estranho no ninho: memórias de um ex-presidente da Fiocruz. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 8, n.1, mar.- jun. 2001, p. 246.

 

[4] DIAS, Emmanuel. Profilaxia da Doença de Chagas. Brasil-Médico, maio 1946, p. 162.

 

[5] O chefe de gabinete do Ministro da Saúde. A Cruz, Rio de Janeiro, n. 1.920, 2 dez. 1953, p. 8; O gabinete do titular da saúde. A Noite, Rio de Janeiro, 22 dez. 1953, p. 9.

 

[6] Assumiu a pasta o novo Ministro da Saúde. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, n. 155, 8 jul. 1954, p. 9.

 

[7] BRAGA, Wilson. Diário do Congresso Nacional. Câmara dos Deputados, seção I, n. 141, 12 nov. 1977, p. 11.293-11.294.