Erika França. Foto: Cláudia Gersen
Erika de Jesus França é natural de Belo Horizonte, e ingressou no Instituto René Rachou (IRR) no ano de 2012, no regime da CLT. Ela sempre desempenhou a função de auxiliar de laboratório, trabalhando em diversos espaços. Primeiramente dividia seu tempo entre o Ambulatório da instituição e o grupo de Pesquisa Clínica e Políticas Públicas em Doenças Infecto-Parasitária (PCPP). Nesses locais ela era responsável pela preparação e higienização de instrumentos e ferramentas, além de prestar apoio em outras demandas necessárias, como recolhimento de materiais e de resultados de exames.
Segundo Erika, quando ela ingressou no IRR o número de alunos no PCPP era grande, e por isso o volume de trabalho era maior. Atualmente ela não atua mais nesse grupo, em contrapartida desenvolve suas atividades no Grupo Integrado de Pesquisas em Biomarcadores (GIPB), no Grupo Biologia e Imunologia de Doenças Infeciosas e Parasitárias (BIP) e no de Imunologia de Doenças Virais (IDV). A funcionária conta que muitas mudanças estruturais ocorram ao longo do tempo, com reformas e mudança de locais dos antigos laboratórios.
Erika é uma pessoa surda, e ela conta que no começo a adaptação no IRR foi complexa, a instituição não contava com intérprete de libras, o que dificultava a comunicação, gerando mal-entendidos e stress. Ela cita a ajuda de pessoas como Kenia Regina, Edward José de Oliveira e Cíntia Marilia Santana como colegas que a ajudaram a se familiarizar com o ambiente e suas atribuições.
A funcionária afirma que procura desempenhar seu trabalho com dedicação, atendendo a todos da melhor forma possível. Ela se sente valorizada, mas acha que seu trabalho poderia ser mais notado pela instituição e que os alunos com quem lida no cotidiano poderiam demonstrar maior interesse na comunicação eficiente. Mesmo assim, ela diz que a convivência com os colegas é muito boa, o ambiente é tranquilo e respeitoso.
Erika conta que sua vida mudou bastante desde que ingressou no IRR. Antes ela era muito tímida e se sentia intimidada em locais com muitas pessoas. Passou a sentir-se mais confortável quando foi integrada a um ambiente com maioria feminina. Ela destaca a importância da colega Kenia Regina para sua adaptação, que a acolheu com paciência, explicando todo o trabalho. Também menciona como foi marcante para os trabalhadores surdos do IRR a chegada da intérprete de Libras, Mislaine Santos, fundamental para uma comunicação clara, diminuindo sensivelmente os pontos de incompreensão.
Erika considera a aposentadoria algo distante, mas ela pensa no futuro, procura cuidar da saúde e, quando se aposentar pretende dedicar-se a outra atividade, como a costura, pois permanecer em casa, sem ocupação, não é seu perfil.
A funcionária conta que desde que começou a trabalhar na Fiocruz Minas, tornou-se uma pessoa mais tranquila e confiante na convivência com as pessoas. Para ela o Projeto Memória é importante, oportunidade única de registrar suas lembranças e experiências como trabalhadora do IRR.
Projeto Fiocruz Minas, patrimônio do Brasil: História, memória, ciência e comunidade
Agradecimento: Erika França pela entrevista concedida no dia 13/03/2025, no IRR, Belo Horizonte e a Mislaine Santos, pelo trabalho de intérprete de Libras.