Kenia Regina da Silva

 

Kenia Regina. Foto: Cláudia Gersen

 

 

Nascida em Belo Horizonte, Kenia Regina da Silva começou a trabalhar ainda jovem. Antes de ingressar no IRR ela atuava na empresa Vale, e diante do seu ótimo desempenho profissional foi indicada pela chefe para trocar de contrato, sendo transferida para a Fiocruz Minas.

 

Assim, no ano de 2001 ela começou a trabalhar no Instituto René Rachou, pelo regime da CLT. Ao longo de sua carreira, Kenia atuou em vários laboratórios como auxiliar, envolvendo a preparação das bancadas, lavagem de materiais, esterilização, etc. As funcionárias Cíntia Marilia Santana e Rosana de Oliveira Alves auxiliaram no seu treinamento, e Kenia conta que a fase inicial foi difícil, pois ela ficava ansiosa e temerosa com relação as tarefas. Mas aos poucos foi aprendendo a rotina, as regras de segurança e as normas da instituição.

 

Como pessoa surda, Kenia enfrentou diversos desafios no seu cotidiano de trabalho. No começo era difícil se familiarizar com o espaço do IRR e ela se perdia pelos corredores. O ponto mais complexo era a comunicação, pois a instituição não possuía um Intérprete de Libras, o que aumentava a preocupação com possíveis desentendimentos. A funcionária conta que esse cenário melhorou sensivelmente com a chegada da intérprete Mislaine Santos, que presta um trabalho essencial de orientação para as pessoas surdas que atuam no IRR. A partir de então Kenia sente que o ambiente ficou menos confuso e ela pôde amadurecer profissionalmente. Apesar da melhoria, Kenia ainda enfrenta desafios na comunicação, pois a língua portuguesa tem palavras desconhecidas para ela, que precisam de um sinal correspondente na língua de sinais.

 

Segundo Kenia, hoje a convivência com os colegas está bem melhor, o ambiente é descontraído, e ela desempenha suas tarefas da melhor forma possível, nunca tendo recebido reclamações. Uma lembrança marcante de Kenia no IRR foi o episódio em que ela cortou a mão ao manipular um objeto, tendo ido ao hospital para cuidar do ferimento. Ela foi acompanhada e orientada nos procedimentos, no uso dos equipamentos de segurança, e tudo se normalizou.

 

Kenia não pensa em se aposentar tão cedo, pois o trabalho é onde se sente feliz e tranquila. Ela se emociona ao contar momentos de reconhecimento, tendo recebido elogios por ser, nas palavras da chefia, uma “excelente profissional”. Por sua experiência no IRR, Kenia faz questão de apoiar outros surdos que ingressam na instituição, compartilhando seu conhecimento.

 

Por fim, para a funcionária, o Projeto Memória é a chance de dividir suas lembranças com toda a comunidade e dar visibilidade ao trabalho que, por tanto anos, tem desenvolvido na Fiocruz Minas.

 

 

Projeto Fiocruz Minas, patrimônio do Brasil: História, memória, ciência e comunidade

 

Agradecimento: Kenia Regina da Silva, pela entrevista concedida no dia 13/03/2025, no IRR, Belo Horizonte, e a Mislaine Santos, pelo trabalho de intérprete de Libras.