Os hábitos do mosquito
Aedes aegypti e as formas de eliminar criadouros foram o foco de uma palestra realizada na última sexta-feira (19/2), na Fiocruz Minas. A atividade, conduzida pelo biólogo Fabiano Duarte Carvalho, faz parte da campanha Aedes Zero, lançada na unidade recentemente em adesão ao Dia da Faxina, promovido pelo governo federal.
“A palestra dá início a uma série de eventos relacionados à eliminação do mosquito
Aedes que pretendemos realizar. Precisamos criar a cultura de promover um ambiente sustentável e mais limpo e, nesse sentido, é importante começar a fazer isso, primeiramente, dentro da unidade”, destacou da diretora da Fiocruz Minas, Zélia Profeta.
Com o tema “
Aedes aegypti: aprendendo um pouquinho mais sobre o mosquito”, a atividade teve como foco os trabalhadores das áreas de limpeza e serviço de infraestrutura, mas atraiu profissionais de diversos setores. Com o auditório lotado, Fabiano mostrou o ciclo de vida do inseto, explicando por que o controle é mais eficiente na fase aquática.
“Do ovo até a fase adulta, leva-se de 8 a 10 dias. Esse dado é importante por mostrar que, se nos dedicarmos a buscar os criadouros uma vez por semana, podemos impedir que o mosquito complete esse ciclo”, afirmou. “Além disso, é mais fácil eliminá-lo em locais fixos do que depois de adulto, voando”.
Outra razão que mostra a importância de combater o mosquito antes da fase adulta é o fato de que o
Aedes tem um comportamento oportunista. Ou seja, ele prefere certas circunstâncias, mas se encontra a oportunidade de se reproduzir e picar pessoas fora do contexto preferencial, aproveita a chance.
“Ele prefere uma vasilha com água limpa para colocar os ovos, mas, se não tiver, vai suja mesmo. Ele tem hábitos diurnos e pica, normalmente, membros inferiores, mas, se estiver precisando se alimentar e encontrar facilidades em outras circunstâncias, aproveita”, exemplifica Fabiano. Por isso, o combate é sempre mais eficaz antes de completar o ciclo reprodutivo.
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Pesquisador da Fiocruz Minas, Fabiano Carvalho[/caption]
O biólogo alertou para o fato de o inseto distribuir os ovos por diversos reservatórios. A estratégia, usada pelo mosquito para garantir a proliferação da espécie, reforça a importância de realizar as buscas por criadouros de forma criteriosa, procurando se atentar para todos os lugares com possibilidades de armazenar água e que possam estar acessíveis ao mosquito.
“Às vezes, a pessoa coloca uma tampa na caixa d´água, mas deixa uma fresta, que já é suficiente para o inseto entrar e colocar seus ovos. É preciso adotar um pensamento crítico para evitar que a intervenção seja feita de forma errada”, explicou.
A próxima ação do Aedes Zero está programada para o dia 1º de março, quando haverá na unidade o Dia da Faxina, com o intuito de buscar e eliminar possíveis criadouros. Atividades voltadas para a população do entorno da Fiocruz Minas também estão previstas.
Mitos e verdades sobre o mosquito e as doenças transmitidas por ele:
O mosquito não alcança andares mais altos.
É falso, porque o mosquito pode alcançar lugares mais altos pelo elevador, por escadas ou por meio de uma corrente de ar mais forte.
O mosquito só pica nas pernas.
É falso. O mosquito pica, preferencialmente, membros inferiores, mas pode picar também outras partes do corpo.
Se eu usar roupa de manga comprida e calça, não vou ser picado.
É falso. As roupas funcionam como barreira física até certo ponto, mas não são um impedimento definitivo, uma vez que o inseto pode picar até mesmo através de uma calça jeans.
Usar repelente é suficiente para evitar as picadas.
É falso. Usar o repelente ajuda, mas não impede a picada. A duração dos efeitos varia entre os produtos utilizados e também de pessoa para pessoa. Além disso, o mosquito é capaz de localizar uma parte da pele que, eventualmente, não tenha entrado em contato com o repelente.
O mosquito nunca pica à noite.
É falso. O mosquito tem hábitos diurnos, mas, se tiver oportunidade e precisar se alimentar, pode picar durante a noite.
O mosquito só coloca seus ovos em locais com água limpa.
É falso. Se não encontrar água limpa, coloca os ovos em recipientes com água suja.
Se um Aedes me picar, irei desenvolver uma das 3 doenças.
É falso. Nem todos os mosquitos estão contaminados e, dessa forma, não transmitem as doenças.
O mosquito só aparece no verão.
É falso. O mosquito Aedes está presente o ano inteiro.
Ar condicionado e ventiladores impedem o mosquito de picar.
É falso. Esses aparelhos podem atrapalhar, diminuir o metabolismo do inseto, mas não impedem a picada.
A dengue é uma doença leve.
É falso. A dengue tem formas graves, que podem levar à morte. É um erro banalizar a doença.