Cláudia Gersen. Foto: arquivo pessoal.
Cláudia Gersen Alvarenga, é natural de Belo Horizonte e trabalhou no Instituto René Rachou (IRR) desde 1988. Naquele momento ela cursava graduação em biologia e conseguiu um estágio na instituição com mediação do pesquisador Naftale Katz. Cláudia foi alocada como voluntária no Laboratório de Leishmaniose, sob a coordenação de Alda Falcão, ficando responsável por cuidar das colônias de flebotomínios.
No ano de 1989 ela foi contratada pelo regime CLT como Técnica em Saúde Pública. A funcionária permaneceu no mesmo setor, mas ampliou suas responsabilidades, como, por exemplo, realizando trabalho de campo para coleta de flebotomínios na gruta da Lapinha. O ano de 1992 foi marcante para a trajetória de Cláudia, pois ela formou-se em Biologia pela UFMG, foi incorporada ao IRR como servidora e mudou-se para Araxá, onde trabalhou por 6 meses como professora de biologia até ser encaminhada para a Fundação Nacional de Saúde, antiga SUCAM. Ela integrou equipe responsável pelo controle da dengue em parceria com a Prefeitura, identificando o mosquito Aedes aegypti. Pouco depois mudou-se para Uberaba, permanecendo na Fundação Nacional de Saúde (no controle de escorpiões), mas logo retornou à Araxá, participando de projetos municipais para controle da dengue e na área de epidemiologia.
Em seguida foi convidada pela Secretaria de Saúde local para coordenar o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), responsável pela prevenção de DSTs, HIV-AIDS, sífilis e outras doenças. Ali se ofertavam palestras e esclarecimentos, cadastro de pessoas e realização de exames. Cláudia conta que esse foi um dos trabalhos mais desafiadores de sua carreira, pois a entrega dos exames de HIV eram momentos tensos e emotivos, sendo necessário bastante diálogo para lidar com questões pessoais, familiares e o preconceito social.
Percebendo a importância do assunto, a servidora criou o Projeto Adolescente Seguro, que recebia jovens para treinamento e atuação nas escolas como multiplicadores de informações a respeito de doenças sexualmente transmissíveis. Ela também integrou o Projeto Homem Faz Sexo com Homem, treinando homens homossexuais para passarem informações junto a esse grupo. Além disso, Cláudia ministrava palestras nas escolas sobre educação sexual. Em dado momento, a servidora foi remanejada para o Ministério da Educação, passando a atuar no CEFET de Araxá, onde criou o Proje-teen, voltados para os alunos da instituição, ofertando oficinas sobre família, identidade e projeto de vida
Após permanecer 18 anos no interior de Minas Gerais, Cláudia e família decidiram retornar para Belo Horizonte e ela voltou a trabalhar no IRR, em 2009. A servidora conta que encontrou um IRR bastante diferente, com melhor estrutura física e muitas pessoas novas, sentindo-se feliz em retornar para a instituição. Devido à guinada em sua carreira para a área socioeducativa, Cláudia não via sentido em retornar para o Laboratório de Leishmaniose. Foi então que sua colega, Célia Maria Gontijo, sugeriu que ela procurasse o Laboratório de Educação e Saúde, liderado pela pesquisadora Virginia Schall. Ali ela foi bem acolhida, e recebeu apoio para realizar Mestrado no IRR sobre preservativo feminino e a percepção das mulheres sobre seu uso.
Em seguida, Cláudia elaborou projeto socioeducativo, aprovado pelo IRR, para atuação em uma comunidade de Belo Horizonte, voltado para jovens, o Projeto Afetivossexual, que durou 2 anos. Esse programa se desdobrou em outro projeto, no qual Cláudia entrevistou jovens e adultos da comunidade, interligando questões sobre violência e histórias de vida. Essa experiência resultou na publicação de um livro, de autoria da servidora, publicado em 2019 e intitulado Fala das Cores.
Desde o ano de 2011, Cláudia estava alocada na Vice-presidência de Ensino, coordenando o Programa de Vocação Científica (PROVOC) e participando de vários projetos outros grupos de pesquisa, como o Café com Leish, a convite de Carina Margonari, dedicado a repassar informações sobre a leishmaniose para a comunidade de Pains, no interior de MG. Cláudia também colaborou com o grupo de Divulgação Científica, que lhe rendeu muito aprendizado.
Paralelamente ao seu trabalho, a servidora se envolveu na ASFOC, integrando duas gestões seguidas, de 2018 até 2023, como responsável pelo setor cultural e de eventos. Sua atuação possibilitou que ela conhecesse melhor os trabalhadores do IRR, mas também implicou em bastante responsabilidade. Segundo Cláudia, uma das conquistas mais gratificantes da gestão foi a reforma do Salão da ASFOC, proporcionando mais conforto e bem-estar para os trabalhadores. Outro momento memorável foi o René Fest, ocorrido em 2023, que durante uma semana reuniu servidores da ativa, aposentados, terceirizados e estudantes em uma programação intensa, com oficinas, lançamento de livros, feira de artesanato, concursos culturais, teatro, dentre outras atividades. O evento contou com a colaboração entusiasmada de diversas pessoas, revigorando os laços de convivência na comunidade.
A ideia de promover esse grande encontro nasceu da atuação de Cláudia em outro trabalho, o Projeto Memória: trajetória histórica e científica do Instituto René Rachou, com o qual a servidora colabora desde 2022. Cláudia realiza entrevistas com trabalhadores aposentados e na ativa do IRR, organiza Rodas de Conversa e media outras ações. Foi justamente na conversa individual e coletiva com esses sujeitos que ela percebeu o desejo geral de maior integração humana no IRR.
Cláudia conta que sempre teve boa convivência com os colegas, mesmo tendo enfrentado situações pontuais de desconforto, resolvidas com diálogo. Ela ressalta que teve grande prazer em trabalhar nos programas dos quais participou, sentindo-se muito realizada profissionalmente. Todos os projetos que Cláudia coordenou e participou se conectam por meio de um propósito maior: promover o conhecimento, a educação e a cultura. Sua atuação sempre foi regida pela empatia, a escuta e sensibilidade na relação com o outro.
Aposentada em 2024, sua natureza vivaz não a deixa parada e ela continua atuando no Projeto Memória, além de dedicar-se ao bordado, criando lindas peças. Cláudia diz sentir-se honrada por ter trabalhado com as pesquisadoras Alda Falcão e Virgínia Schall, mulheres que sempre a apoiaram e acolheram. Ela se emociona ao falar sobre a Fiocruz, pois se identifica totalmente com a missão da instituição, de melhorar a qualidade de vida das pessoas e promover a saúde integral, missão que Claúdia Gersen, como servidora dedicada da Fiocruz, ajudou a cumprir.
Texto e entrevista: Natascha Ostos
Apoio:
- Direção IRR
- Projeto Fiocruz Minas, patrimônio do Brasil: História, memória, ciência e comunidade
Agradecimentos: Cláudia Gersen, pela entrevista concedida no dia 14/11/2023.
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