Agentes de combate a endemias do município de Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, ganharam uma ferramenta que poderá auxiliar no controle de zoonoses -doenças que são transmitidas ao homem pelos animais. Trata-se de uma coleção referência de vetores, montada com o apoio da Curadoria da Coleção de Vetores da Doença de Chagas da Fiocruz Minas. O acervo conta com várias espécies, tornando mais eficiente o trabalho dos agentes, que passam a ter mais conhecimento e informações, ao visitarem os domicílios em busca de focos de doenças.
Os exemplares da coleção montada em Sabará são provenientes dos insetários da Fiocruz Minas. O acervo é composto por espécimes de barbeiros -vetores da doença de Chagas- e ainda de 25 lâminas de flebotomíneos -transmissores das leishmanioses- e de mosquitos como o
Aedes aegypti e o
Culex, vetores de arboviroses, como dengue, zika, filariose, entre outras . Para fazer a montagem, curadores e técnicos das quatro coleções da unidade ofereceram um curso destinado aos agentes do município.
“Durante dez dias, foram ministradas aulas teóricas e práticas que abordaram diversos temas voltados para o bom uso, preservação e manutenção de uma coleção. O curso também contou com noções teóricas sobre os vetores cujas espécies compõem a coleção, bem como sobre as doenças relacionadas a esses vetores”, afirma Raquel Aparecida Ferreira, curadora da Coleção de Vetores da Doença de Chagas e responsável pelo projeto em Sabará.
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Agentes de combate a endemias participam de treinamento / Foto de Carla Patrícia Barezani[/caption]
Participaram do treinamento 14 agentes de combate a endemias, que atuam em diferentes bairros do município. De acordo com a coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses, Munique Guimarães de Almeida, esses profissionais estão em contato permanente com a população e, por isso, acabam exercendo a função de multiplicadores de conhecimento. Nesse sentido, segundo ela, é muito importante estarem bem embasados para que possam esclarecer, com mais propriedade, as dúvidas das pessoas.
“No caso do Aedes aegypti, por exemplo, é fundamental que eles percebam a diferença entre a fêmea e o macho. Essa informação pode ser um indicador relevante, uma vez que, como sabemos, somente a fêmea pica e transmite doenças”, comenta. “Temos ainda os vetores da doença de Chagas, motivo de dúvida entre as pessoas. Saber identificar um barbeiro de verdade é extremamente importante”, exemplifica.
Coleções- As Coleções Biológicas sob a guarda da Fiocruz Minas conservam milhares de amostras, que incluem uma das mais completas coleções zoológicas da América Latina. Os acervos garantem a denominação de grupos de organismos e estabelecem a base de informação para análises de distribuição geográfica, diversidade morfológica, relações de parentesco e evolução das espécies, levando a uma maior compreensão sobre a relação epidemiológica dos vetores e reservatórios com seus agentes infecciosos.
O Ministério do Meio Ambiente, desde 2012, concedeu às quatro coleções da unidade - Malacológica Médica, de Flebotomíneos, de Vetores da Doença de Chagas e de Mosquitos Neotropicais- o status de “fiéis depositárias” de amostras de componentes do patrimônio da biodiversidade brasileira.
*Foto da coleção: Exemplares de
Panstrongylus megistus / Jéssica Ramos Tibúrcio.