Febre Amarela: vacinar-se é a melhor forma de garantir proteção
As recentes notificações de casos de febre amarela em municípios de Minas reforçam a importância de manter atualizado o cartão vacinal. A vacina contra a doença que pode ter causado, até o momento (13/1), 30 mortes no Estado, somente no mês de janeiro, está disponível gratuitamente em postos de saúde e é considerada eficaz em quase 100% dos casos.
“ A vacina é, certamente, a principal forma de evitar a doença. Ela é recomendada para todos os municípios localizados em regiões endêmicas e áreas de transição com risco de contaminação, mas também está disponível nas demais cidades, em centros especiais, para as pessoas que forem viajar para onde o vírus circula”, explica o pesquisador do Grupo Integrado de Pesquisas em Biomarcadores da Fiocruz Minas, Olindo Assis Martins Filho.
É necessário que a dose seja aplicada pelo menos 10 dias antes do deslocamento para regiões silvestres, rurais ou de mata. Já para os residentes em área de risco, o Ministério da Saúde recomenda, para crianças, a administração de uma dose aos 9 meses de idade e um reforço aos 4 anos. Para pessoas a partir de 5 anos de idade que receberam uma dose da vacina, é necessário um reforço; para quem que nunca foi vacinado ou não possui comprovante de vacinação, é preciso administrar a primeira dose da vacina e um reforço após 10 anos. Pessoas que já receberam duas doses da vacina ao longo da vida já são consideradas protegidas.
“A vacina só não é indicada para gestantes, mulheres que estejam amamentando, pessoas imunodeficientes, como os pacientes com HIV ou outras doenças genéticas congênitas, bem como para quem tem alergia a ovo”, alerta Martins Filho.
De acordo com o pesquisador, nos últimos anos, houve um aumento da área de transmissão do vírus, fazendo com que, dos 27 Estados do país, 14 sejam considerados áreas de risco. Até então, apenas os Estados da região Nordeste, além do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina não eram consideradas regiões endêmicas.
“ A intervenção do homem na natureza, promovendo queimadas e desmatamento, está entre as razões para esse aumento das áreas de risco, uma vez que os macacos e outros primatas se deslocam sempre que se sentem ameaças para seu habitat natural. E, como temos a presença do mosquito transmissor –Aedes aegypti- por todo o território nacional, a doença é mais facilmente transmitida entre eles”, explica.
Doença silvestre- A febre amarela é considera uma doença de natureza silvestre porque a transmissão para os seres humanos só ocorre quando eles entram em contato com ambientes de mata e afins, principalmente por meio de ecoturismo. Segundo o Ministério da Saúde, os últimos casos urbanos (transmitida por Aedes aegypti) foram notificados em 1942, no Acre.
Os sintomas iniciais da doença incluem febre, calafrios, dor de cabeça, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos.
Às pessoas que identifiquem alguns destes sinais, o Ministério da Saúde recomenda procurar um médico na unidade de saúde mais próxima e informar sobre qualquer viagem para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas. Essa orientação é importante principalmente àqueles que realizaram atividades em áreas rurais, silvestres ou de mata como pescaria, acampamentos, passeios ecológicos, visitação em rios, cachoeiras ou mesmo durante atividade de trabalho em ambientes fora do perímetro urbano.
Situação em MG- Segundo o último boletim da Secretaria de Estado de Minas Gerais divulgado na tarde de quarta-feira (11/1), em 2017, foram notificados 110 casos suspeitos de febre amarela, sendo que desses 20 são casos prováveis, cujos pacientes apresentaram quadro clínico suspeito e exame laboratorial preliminar reagente. Em relação aos óbitos, foram notificados 30 óbitos suspeitos, sendo que desses, 10 são considerados óbitos prováveis de febre amarela. Atualmente, foram identificadas quatro Unidades Regionais de Saúde com registro de morte de primatas (epizootias) e casos prováveis de febre amarela silvestre.
Foto: Banco de Imagens Fiocruz