O município de Mariluz, localizado no noroeste do Paraná, seria o mais vulnerável à mudança do clima. No norte do estado, Santo Antônio do Caiuá estaria mais suscetível às alterações climáticas. A capital Curitiba apresentou uma vulnerabilidade intermediária em comparação às outras cidades paranaenses. Estas análises foram feitas a partir de dados retirados do
software Sistema de Vulnerabilidade Climática (SisVuClima), ferramenta que será apresentada a 24 gestores e técnicos estaduais durante uma capacitação, que ocorrerá nos dias 13 e 14 de setembro, no hotel Tulip Inn Curitiba Batel (
Rua Benjamin Lins, 513 – Batel), em Curitiba - PR.
O
software é um dos produtos do projeto
Vulnerabilidade à Mudança do Clima, iniciativa da Fiocruz em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, financiado com recursos do Fundo Clima. A ferramenta apresenta 67 tipos de informações sobre cada cidade do Paraná, incluindo dados sobre cenários climáticos para o período de 2041 a 2070.
O Paraná e a mudança do clima
Em relação à temperatura, ao se considerar um cenário pessimista, algumas regiões do estado poderão ser mais impactadas que outras. No noroeste, por exemplo, cidades como Jardim Olinda e Paranapoema poderão ter elevações de até 5,6°C. Esta mesma situação é observada no norte, a exemplo de cidades como Itaguajé, Porecatu e Alvorada do Sul, com incrementos de até 5,6°C. Em Maringá, Londrina e na capital Curitiba, o aumento seria de 5,
4°C, 5,3°C e 3,8°C, respectivamente. O litoral tende a ser menos afetado: Matinhos e Pontal do Paraná com acréscimos de 2,1°C, em comparação ao período atual.
De acordo as análises feitas a partir do
software, o percentual da precipitação diminuirá no norte do Paraná, como é o caso de Porecatu (-18,2%). A situação é diferente na porção sul do estado, onde poderá ocorrer um aumento de até 19,9% no volume de chuvas, como se observa em General Carneiro. A capital Curitiba poderá ter uma elevação de 2% em sua pluviosidade a partir de 2041.
Informações estratégicas
Com o uso do software SisVuClima, gestores e técnicos do estado poderão avaliar e comparar as vulnerabilidades e os fatores de risco das cidades paranaenses e, posteriormente, planejar ações para reduzir os impactos das mudanças climáticas e aumentar a capacidade de adaptação das populações a esta nova realidade.
Além de informações sobre os cenários climáticos, o SisVuClima disponibiliza por meio de tabelas, gráficos e mapas temáticos, informações sobre doenças associadas ao clima, ocorrência de desastres naturais, grupos sociais mais sensíveis à mudança do clima, cobertura vegetal e os municípios mais vulneráveis à mudança do clima. Este último é definido como o Índice Municipal de Vulnerabilidade (IMV), variando de 0,0 a 1,0, sendo que o primeiro valor não significa ausência completa de vulnerabilidade e a comparação é feita entre os 399 municípios paranaenses.
Ao tomar o IMV como referência, Amaporã apresentou uma vulnerabilidade elevada (0,92). assim como as cidades de Cândido de Abreu e Cerro Azul: 0,82. Este índice em Curitiba foi intermediário, sendo 0,57. Na parte sul do estado, os municípios de Honório Serpa e Clevelândia se destacaram por valores altos em comparação aos demais: 0,86 e 0,80, respectivamente.
Doenças associadas ao clima
Sobre as doenças associadas ao clima, as mudanças climáticas podem influenciar a dinâmica de algumas delas, principalmente as infecciosas, pois fatores como temperatura e precipitação são capazes de interferir no ciclo reprodutivo de insetos transmissores de enfermidades. Para o Paraná, foram avaliados os seguintes itens: dengue, acidentes com animais peçonhentos, leptospirose, leishmaniose tegumentar americana e hantavirose, além de considerar o índice de mortalidade infantil por doenças intestinais.
Neste índice, Curitiba foi considerado o município mais vulnerável: 1,0, em virtude da incidência de casos de leptospirose e mortalidade infantil por diarreia. Na região metropolitana, Colombo apresentou uma vulnerabilidade elevada: 0,82. Cidades como Londrina e Foz do Iguaçu, apresentaram valores altos para as doenças associadas ao clima, 0, 98 e 0,96, respectivamente, por causa de enfermidades como dengue e óbitos infantis por doenças intestinais.
A capacitação sobre a ferramenta já ocorreu no Espírito Santo e em Pernambuco. Os próximos estados serão Amazonas, Maranhão e Mato Grosso do Sul. No treinamento do Paraná, participarão representantes das seguintes instituições: Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), secretarias estaduais de Saúde e Meio Ambiente, Defesa Civil, Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná (ITCG), WRI Brasil, Fundação Grupo Boticário, Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) e Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES).