18/12/2024
Responsáveis pelos serviços de referência da Fiocruz Minas se reuniram com representantes da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) para apresentar as atividades realizadas em suas áreas e conhecer as demandas da SES-MG. O encontro aconteceu nessa segunda-feira (16/12), no auditório do IRR, e contou ainda com uma visita aos laboratórios vinculados aos serviços de referência. Além das equipes da SES e do IRR, também estiveram presentes a coordenadora de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação, Tânia Fonseca, e a chefe de Serviços de Doenças Parasitárias da Fundação Ezequiel Dias (Funed/MG), Letícia de Azevedo Silva.
Abrindo as atividades, o diretor do IRR, Roberto Sena Rocha, destacou a satisfação em receber os profissionais da SES. “É uma felicidade grande estarmos juntos aqui hoje, para nos prepararmos para enfrentar os desafios de 2025. Sabemos que muitas pessoas do IRR já realizam trabalhos em parceria com a SES, mas nós queremos institucionalizar as relações, de forma a ter cada vez mais proximidade e possamos trocar experiências e aprendizados. Ressalto que o tema a ser discutido, doenças socialmente determinadas, faz parte da agenda de futuro do IRR e, portanto, são prioridade para nós. Agradeço, então, por terem aceitado nosso convite de estarem aqui hoje”, afirmou.
Representando a SES-MG, a diretora de Vigilância de Doenças Transmissíveis e Imunização, Marcela Lencine Ferraz, ressaltou a importância de estreitar os laços entre as instituições e promover a discussão sobre como trabalhar a saúde no estado de Minas Gerais. “Quanto mais a gente se aproxima melhor para as duas instituições. E melhor, principalmente, para a população. Espero que a gente saia daqui hoje com muitas perspectivas para fortalecer essa parceria”, disse.
A coordenadora de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação, Tânia Fonseca, falou sobre o perfil diverso do estado de Minas Gerais e destacou que a Fiocruz Minas pode contribuir para dar respostas ao SUS para diferentes temas. “Minas Gerais, devido à sua extensão e regiões de perfis tão diversos, é um estado que funciona como um modelo do que é o país. Olhar para Minas Gerais é olhar para a possibilidade de atuar em outras regiões do Brasil. E o IRR tem a tradição de atuar em áreas bastante variadas, que abrange doenças transmissíveis e doenças não-transmissíveis. É um guarda-chuva amplo, que coloca a unidade em condições de dar respostas para diferentes temas. E eu fiz questão de estar aqui hoje para que estejam certos de que a Presidência da Fiocruz apoia essa parceria”, disse.
Apresentações- A diretora de Vigilância de Doenças Transmissíveis e Imunização iniciou sua apresentação lembrando que Minas Gerais viveu, este ano, sua pior epidemia de dengue. Segundo Marcela, até então, a mais severa havia ocorrido em 2019, com cerca de 500 mil casos e, em 2024, já são mais de 1,5 milhão de casos. De acordo com a diretora, embora esse seja o tema que gera mais demandas, a SES entende que não pode deixar de olhar para outras questões também importantes. “Nesse sentido, a Secretaria assinou um termo de cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) focado em doenças negligenciadas, por meio do qual serão trabalhados alguns agravos que vamos discutir aqui hoje, como leishmanioses, esquistossomose e doença de Chagas”, contou.
Um resumo sobre a situação de cada um desses agravos foi apresentado. Conforme a diretora, houve queda no número de casos de leishmanioses, tanto a visceral como a tegumentar, mas a taxa de letalidade continua alta. Entre os desafios a serem enfrentados estão a rotatividade de profissionais, a redução no número de técnicos, devido a aposentadoria, e a descontinuidade de ações de prevenção e controle das leishmanioses. Entre as possibilidades de colaboração com o IRR, a diretora elencou a capacitação de profissionais, com foco em manejo de pacientes, diagnóstico das doenças e de profissionais voltados para entomologia. Além disso, foram listadas a necessidade de divulgação de conhecimento técnico-científico para profissionais de saúde e a elaboração de materiais educativos para a população.
No que se refere à esquistossomose, segundo a diretora, a taxa de letalidade é também um dos principais problemas, chegando a 37% em 2024 em todo o estado. Mas, em alguns municípios, essa taxa pode chegar a 100%, como em Governador Valadares, que registrou sete casos e sete mortes. Entre os desafios a serem enfrentados, Marcela citou a necessidade de retomada do inquérito coproscópico, a existência de 161 áreas endêmicas, o desconhecimento de profissionais de saúde sobre a importância da doença e o controle de qualidade de amostras das lâminas. Entre as possibilidades de colaboração com a Fiocruz, foram elencadas a capacitação de profissionais no manejo de pacientes e no diagnóstico da doença, o apoio na implementação do fluxo de vigilância laboratorial e a produção de materiais educativos.
Sobre a doença de Chagas, a diretora salientou que, embora permaneça estável, o número de casos é alto, com registros de cerca de cinco mil casos em 2023 e 2024, aproximadamente 2,5 mil por ano. Foram mencionados como desafios o fortalecimento das atividades de campo, a publicização do fluxo de vigilância laboratorial e controle de qualidade, o monitoramento da vigilância de casos humanos, o rastreamento de contatos, e a estruturação de diretrizes nacionais. Como possibilidade de colaboração com o IRR, estão a capacitação no manejo de pacientes, a capacitação para identificação taxonômica de triatomíneos e a elaboração de materiais educativos.
Após a apresentação da SES, foi a vez de os responsáveis pelos serviços de referência da Fiocruz Minas falarem sobre as atividades realizadas. Cada pessoa expôs um breve histórico de sua área e, em seguida, apresentou os diversos serviços realizados, que abrange capacitações, treinamentos, assessorias e consultorias técnicas para as secretarias de saúde, exames para diagnóstico das doenças, entre vários outros. A tecnologista Sílvia Barbosa falou sobre os serviços oferecidos pelo Laboratório de Referência em Triatomíneos e Epidemiologia de doença de Chagas; a tecnologista Cristiane Lafetá apresentou os serviços da Referência Nacional em Esquistossomose; a doutoranda Camila Amormin abordou a Referência em Diagnóstico da Esquistossomose; o pesquisador José Dilermando Filho falou sobre as atividades do grupo de Estudos em Leishmanoses em apoio às esferas municiais, estaduais e federal; o pesquisador Edelberto Santos Dias tratou sobre Centro de Referência em Competência Vetorial de Flebotomíneos; a tecnologista Mariana Pedras apresentou o Centro de Referência em Leishmanioses e as atividades do ambulatório; e o pesquisador Pedro Augusto Alves falou sobre a Referência no Diagnóstico de Vírus Emergentes e outros Patógenos- VigiLab. Acesse abaixo as apresentações:
Encaminhamentos- Na parte da tarde, após a visita aos laboratórios, houve uma discussão sobre as possibilidades de parceria. Um dos pontos destacados foi a necessidade de estruturação estadual para estabelecer e sustentar fluxo de financiamento para as diferentes ações e serviços discutidos. Representantes da SES indicaram a possibilidade de ampliação do projeto VigiMinas, incluindo o cumprimento de metas relacionadas diretamente aos serviços de referência que viabilizem a aplicação de recursos para execução das ações a eles relacionadas.
Outro ponto discutido foi a inserção da Fiocruz Minas como centro colaborador para atuação em situação de emergência. De acordo com os participantes da SES, o credenciamento de centro é pactuado em CIB, com definição e indicação pelo município do possível local para colaboração. Fiocruz Minas e UFMG poderiam entrar como indicação do município de Belo Horizonte.
Os participantes também apontaram a necessidade imediata de sistemas de informação visando melhorar o registro de informações, em especial sobre vetores, ponto já levantado no Encontro de Inovação, realizado no ano passado.
Foi enfatizada ainda a necessidade de capacitação para o manejo clínico, vigilância, controle, identificação e taxonomia de vetores e patógenos relacionados às doenças discutidas. Será realizado um mapeamento de diferentes localidades no estado que possam comportar os diferentes tipos de capacitação/treinamentos a serem ofertados. Além disso, houve a proposta de apoio da Fiocruz Minas para estruturação de controle de qualidade em diferentes processos, em especial de diagnóstico, como por exemplo, a confecção e leitura de lâminas de EPF para esquistossomose.
Outros encontros específicos com cada referência técnica da SES serão realizados, visando aprofundar o conhecimento sobre o uso e fluxos dos serviços ofertados pela Fiocruz Minas.
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