Fiocruz Minas encerra as comemorações dos 20 anos da pós-graduação

22/12/2023

Uma palestra ministrada pelo pesquisador Julio Croda, da Fiocruz Mato Grosso do Sul, marcou o encerramento das comemorações dos 20 anos da pós-graduação do IRR, na última segunda-feira (20/12). Croda, que é coordenador da área de medicina II da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), falou sobre o futuro da pós-graduação no Brasil, apresentando o atual cenário e apontando os principais desafios a serem superados. Durante a abertura do evento, a vice-diretora de Ensino, Informação e Comunicação da unidade, Rita de Cássia Moreira de Souza, destacou a importância do momento.

“Quero agradecer a todas as pessoas que estão aqui e especialmente ao Dr. Julio, que abriu um espaço na agenda para estar com a gente hoje. Este seminário, sobre o futuro da pós-graduação, vem brindar este momento em que se encerram as atividades comemorativas dos 20 anos da nossa pós-graduação. É, de fato, um encerramento com chave-de-ouro e, por isso, quero registrar nossa satisfação em receber o coordenador da área Medicina II para essa discussão, e já deixar um convite para que retorne outras vezes para falar sobre os importantes temas que ele pesquisa”, destacou.

Iniciando a palestra, Croda apresentou um breve histórico sobre a formação superior no Brasil e destacou que o Sistema Nacional de Pós-Graduação, implementado a partir de 1951, é bastante recente no país. Segundo o coordenador, ao longo dos anos, houve um aumento no número de vagas ofertadas, de alunos ingressantes e também de titulados. Entretanto, são números ainda bastante inferiores quando comparados a outros países. “Fazendo uma média dos últimos dez anos, são cerca de 12 mil titulados no Brasil anualmente, enquanto os Estados Unidos chegam à casa dos 71 mil titulados por ano”, comentou. Ainda conforme o coordenador, entre 2017 e 2022, houve uma redução significativa do financiamento, que refletiu na formação de mestres e doutores, além dos efeitos da pandemia, que impactaram de forma significativa no mestrado e doutorado acadêmicos.

Entre os desafios a serem enfrentados, Croda citou a acesso à pós-graduação, ainda restrito, bem como a permanência e a conclusão dos cursos. Além disso, desigualdades regionais, sociais, étnico-raciais, linguísticas e de gênero também são questões desafiadoras. O coordenador mencionou, ainda, a oferta bastante assimétrica de programas de qualidades nas diferentes regiões do país, a baixa fixação de docentes fora das metrópoles, além da falta de reconhecimento dos direitos previdenciários para os pós-graduandos.

Croda apresentou também um panorama sobre a situação dos egressos dos programas de pós-graduação. Conforme o coordenador, no Brasil, não existe uma tradição de formar profissionais para atuar no setor produtivo e, assim, a titulação não é valorizada fora do setor acadêmico. Hoje, cerca de 70% dos doutores e 35% dos mestres estão empregados na área de educação, ou seja, atuam como professores e pesquisadores. Há também uma forte presença dos egressos dos cursos de mestrado nas áreas de administração pública, defesa e seguridade social, totalizando cerca de 30%. Já na área industrial, os mestres e doutores não chegam a 5%.

Medicina II- O coordenador da área de medicina II da Capes falou ainda sobre a situação dos programas de pós-graduação que fazem parte dessa área. Segundo ele, hoje, a maior parte deles é avaliada com notas entre 3 e 5. “Nos últimos anos, tivemos mais programas que aumentaram a nota do que programas que diminuíram; mas a maioria se manteve com a mesma avaliação”, contou.

Em relação à produtividade, houve uma queda de 18% nas entregas feitas pelos alunos, entre os anos de 2017 e 2022. Já a média da produção dos docentes permanentes caiu cerca de 15%.

No que se refere à situação dos egressos dessa área, 67,18% constam na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego; 23,35% na pós; e 76,35% aparecem nas duas listas. De acordo com o coordenador, os egressos dos programas de mestrado profissional são os que mais aparecem na relação dos que estão empregados. Já o curso com maior número de pessoas empregadas é o de proteção radiológica, com 92, 86% de egressos com emprego.

Croda também apresentou um recorte da Fiocruz Minas. Entre os egressos do IRR 39,77% constam na Rais, 35,23% na pós, e 65,91% nas duas listas. “Isso mostra que o perfil dos egressos da Fiocruz Minas é de pesquisadores e professores”, avaliou.

O coordenador falou ainda sobre o Qualis Capes, sistema que faz a classificação da produção científica dos programas de pós-graduação em relação aos artigos publicados.

Como perspectivas, Croda mostrou as principais estratégias que estão em curso visando melhorar o Sistema Nacional de Pós-Graduação, entre elas a retomada Programa Nacional de Pós-doutorado (PNPD), com o objetivo de evitar a evasão de cérebros para o exterior. Há também medidas voltadas para a gestão e governança, que prevê a realização de um trabalho cada vez mais colaborativo com as instituições, além de melhorias no sistema de coleta de informações voltadas para a avaliação dos cursos.

“Estamos cada vez mais avançando para uma avaliação automatizada em relação aos quesitos quantitativos, o que vai permitir ter tempo para analisar a parte subjetiva. Assim, teremos condições de entender melhor o perfil e a missão de cada um dos programas de pós-graduação”, afirmou.

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