Fiocruz Minas sequenciará genoma de sorotipos da bactéria que causa meningite e pneumonia
Pesquisadores da Fiocruz Minas, em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz e Funed, vão identificar o genoma acessório de dois importantes sorotipos da Streptococcus pneumoniae, bactéria que causa meningite, pneumonia e outras doenças. O objetivo é verificar, nos sorotipos 3 e 19A, fatores de virulência, bem como os genes de resistência a antimicrobianos. O projeto, que terá início imediato, é um dos selecionados pelo Programa de Incentivo à Genômica de Micro-organismos (BRGeM), lançado pela Neoprospecta, empresa de biotecnologia dedicada ao desenvolvimento e comercialização de análises microbiológicas baseadas em sequenciamento de DNA de nova geração e bioinformática.
Até o momento, noventa e dois sorotipos de Streptococcus pneumoniae já foram descritos. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atualmente a vacina pneumocócica conjugada (PCV10), que protege contra dez desses sorotipos: 1, 5, 4, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F, 23F. Entretanto, dados disponíveis no Sistema de Redes de Vigilância dos Agentes Responsáveis por Pneumonias e Meningites Bacterianas (SIREVA II) indicam que, embora a vacina seja responsável por uma queda significativa na circulação dos sorotipos cobertos por ela, o fenômeno de substituição de sorotipos já acontece no Brasil. No período entre 2010 e 2015, os sorotipos 3 e 19A, não cobertos pela vacina PCV10 tornaram-se os mais prevalentes no país e a predominância deles tem crescido de forma acentuada.
Dessa forma, o sequenciamento das cepas brasileiras dos pneumococos 3 e 19A contribuirá para o conhecimento do pan genoma da espécie e do genoma acessório desses sorotipos emergentes. Além disso, o conhecimento da estrutura capsular desses sorotipos por inferência a partir de suas sequências genômicas auxiliará o Ministério da Saúde e a Fiocruz na tomada de decisão pela adaptação da cobertura da vacina conjugada antipneumococos.
O projeto conta com o envolvimento de quatro grupos de pesquisa: Imunopatologia (Neurogenômica) e Informática de Biossistemas, ambos da Fiocruz Minas; Laboratório de Biologia Computacional e Sistemas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz RJ) e Fundação Ezequiel Dias.