Fiocruz vai liderar estudo para avaliar saúde da população de Brumadinho nos próximos anos
A Fiocruz Minas estará à frente de um estudo que irá avaliar a saúde dos moradores de Brumadinho, após o desastre causado pelo rompimento da barragem da mineradora Vale, em janeiro de 2019. Intitulada Saúde Brumadinho: estudo longitudinal sobre as condições relacionadas à saúde da população, a pesquisa irá detectar as mudanças ocorridas nessas condições, em médio e longo prazos, considerando os diferentes níveis de exposição ao desastre. O projeto foi apresentado na tarde desta quinta-feira (15/8), na Câmara Municipal de Brumadinho, durante o 1º dia do seminário Desastre da Vale S.A. em Brumadinho: seis meses de impactos e ações, promovido pela Fiocruz.
Demandando pelo Ministério da Saúde, o estudo terá duração de aproximadamente 20 anos, o que permitirá avaliar alterações nas condições de saúde da população em longo prazo. Os pesquisadores irão selecionar uma amostra composta por 4 mil pessoas, entre adultos e adolescentes a partir de 12 anos de idade residentes em Brumadinho, que, ao longo do tempo, serão acompanhados anualmente. Os participantes serão entrevistados e farão exames para verificar dados clínicos e bioquímicos, como por exemplo, pressão arterial e níveis de colesterol, entre outros. Também serão coletados dados sobre a evolução de doenças, incluindo aspectos relacionados à saúde mental, além de mudanças comportamentais, como tabagismo e consumo de álcool, uso de serviços de saúde e uso de medicamentos.
“Os estudos sobre desastres mostram que, após grandes tragédias, a população atingida fica mais vulnerável a uma série de agravos e que os impactos mudam ao longo do tempo. Nosso objetivo, então, é produzir conhecimentos para que as redes de atenção à saúde possam se planejar, de forma a estar preparada para dar assistência a essas pessoas, conforme as necessidades apontadas”, explica o pesquisador Sérgio Viana Peixoto, que coordenará o estudo longitudinal.
A pesquisa pretende cobrir todo o município, de forma a ter uma representação da situação da população total de Brumadinho. Para alcançar esse objetivo, o estudo irá monitorar moradores de áreas que foram diretamente atingidas pela lama e também os residentes em regiões não atingidas. Será o primeiro estudo longitudinal realizado no Brasil tendo como foco populações afetadas por desastres causados por mineradoras.
Foto: Peter Ilicciev