Mário Sérgio Cortella ministra palestra de abertura do ano letivo na Fiocruz Minas

15/02/2022

Com uma mensagem de exortação à esperança, o filósofo, educador e escritor Mário Sérgio Cortella abriu, na última sexta-feira (11/3), as atividades do ano letivo da Fiocruz Minas, com a palestra Ainda dá! A força da persistência!. O evento, realizado em formato virtual, contou com a participação de cerca de 250 pessoas que, estimuladas por Cortella, puderam refletir sobre a importância de perseverar nesses tempos difíceis. A mesa de abertura contou com a presença da vice-presidente  de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC); Cristiani Machado; da coordenadora geral de educação da Fiocruz, Maria Cristina Guilam; do diretor da Fiocruz Minas, Roberto Sena Rocha; da vice-diretora de Ensino, Informação e Comunicação, Rita de Cássia Moreira de Souza; e da vice-diretora de Pesquisa, Luzia Helena de Carvalho.

Cortella iniciou seu pronunciamento citando personalidades da educação, da literatura e da música para mostrar que tipo de esperança é necessário na conjuntura atual. “O educador Paulo Freire dizia que é preciso ter esperança do verbo esperançar. Tem gente que tem esperança do verbo esperar, aguardar. Mas esperançar é ir atrás, buscar, não desistir. É como diz o escritor mineiro Carlos Drummond de Andrade, ‘escavo a casca do impossível até achar o possível lá dentro’. Quantos de vocês não tiveram que escavar a casca do impossível nesses últimos dois anos?”, indagou. E continuou: “Gonzaguinha, com a música ‘O que é o que é’, cantou que a vida é bonita. E há um verso dessa música que serve bem para ilustrar nossa ideia de compromisso, decisão de esperançar. Ele diz que ‘a vida devia ser bem melhor, e será!’. Ele poderia ter parado na queixa, mas ele continua com o ‘e será!’. Mas para que seja, não basta aguardar, não pode ficar na expectativa, é preciso ir atrás”, ressaltou.

Mencionando o escritor Rubem Alves, o palestrante explicou a diferença entre otimismo e esperança. Segundo ele, no otimismo há primavera do lado de fora e do lado de dentro, há fertilidade dentro e fora, está ótimo por fora e por dentro. Esperança é quando, não havendo primavera do lado de fora, tem esperança do lado de dentro. Estando infértil e ruim do lado de fora, ainda há esperança por dentro. “Esses são tempos mais de esperança do que de otimismo”, pontuou. E lembrando o título do livro de outro poeta, o amazonense Thiago de Mello, enfatizou o significado da esperança: “Thiago de Mello, a quem tive oportunidade de conhecer, tem um livro chamado ‘Faz escuro, mas eu canto’, o qual remete a ideia do “Ainda dá!”. É isso: faz escuro, mas eu canto!”, afirmou. Cortella destacou que ter esperança não significa fingir que as coisas não estão complicadas e difíceis. “Há várias frentes de enfrentamento. Não nos basta o vírus, é necessário também enfrentar a dificuldade de apoio, de aporte, que é a negação do que nos auxiliaria a enfrentar cada vez, com mais capacidade, o que nos ameaça.  Mas, ainda assim, é preciso lembrar: faz escuro, mas não nos impede de cantar”.

O palestrante destacou que quem inicia um ano letivo tem que ter a expectativa de que vai servir à comunidade. Para mostrar que o conhecimento traz poder, mas também responsabilidade, Cortella recorreu ao inventor do método científico Francis Bacon, para quem ‘saber é poder’. Entretanto, de acordo com o Cortella, é preciso se preocupar com esse poder. “O poder do saber precisar estar comprometido com a elevação da vida, e não com a segregação ou exclusão. A tarefa do poder é servir. O poder que serve a si mesmo é um poder que não serve”, destacou.

Ainda segundo Cortella, nesse sentido, é necessário agregar a persistência à resiliência. O filósofo comentou que tem muita admiração por pessoas que são capazes de não desistir e que estão sempre se perguntando o que podem fazer para mudar uma situação. E, valendo-se de uma última citação, destacou que o futuro começa agora. “O ator francês Pierre Dac diz que o ‘futuro é o passado em preparação’. Pergunto: qual o passado que vamos ter daqui a 20, 30 anos? Seremos olhados como a geração que fez o quê? Então, persista, ainda dá. E pergunte-se: o que eu posso fazer?”, finalizou.

 

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