14/05/2025
O grupo Biotecnologia Aplicada ao Estudo de Patógenos da Fiocruz Minas participa, entre os dias 15 e 17 de maio, do 3º Encontro da Rede Mineira de Imunobiológicos Aplicados a Vacinas, Biofármacos e Diagnóstico para a Leishmaniose Visceral (Imunobioleish-Minas). O evento, que será realizado em Diamantina, tem por objetivo apresentar os resultados de estudos desenvolvidos no âmbito da rede, bem como discutir estratégias e perspectivas para a continuidade das atividades.
“A Imunobioleish-Minas foi criada há três anos, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais, visando ao desenvolvimento de estudos que possam gerar produtos para o combate à leishmaniose visceral. Além da Fiocruz Minas, também fazem parte da rede a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), que atua na coordenação, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). A ideia de juntar diferentes instituições com um objetivo em comum é unir esforços e possibilitar que um grupo auxilie o outro”, explica o pesquisador Rubens Lima do Monte Neto, ponto focal da Fiocruz Minas na rede.
A programação do evento inclui três reuniões fechadas aos membros da rede, um curso voltado para estudantes e nove apresentações de resultados de projetos realizados no decorrer dos três anos de vigência da rede, que serão abertas ao público. O grupo da Fiocruz Minas apresentará um trabalho intitulado Avaliação de eficácia de cepas vacinais atenuadas pela deleção do gene kharon, que validou a utilização de uma cepa viva atenuada da espécie Leishmania infantum como estratégia vacinal contra a leishmaniose visceral. O estudo foi desenvolvido pelo doutorando Paulo Otávio Lourenço Moreira, por meio do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Fiocruz Minas, sob orientação de Rubens.
“O Paulo Otávio selecionou essa cepa e a atenuou a partir da deleção do gene kharon, ou seja, ele removeu esse gene da cepa, gerando uma cepa mutante capaz de infectar uma célula hospedeira e disparar uma resposta imune do organismo, mas incapaz gerar a doença. É o ideal para uma cepa viva atenuada vacinal”, afirma Rubens.
Para constatar a eficácia, o doutorando infectou camundongos com as cepas mutantes. Posteriormente, ele infectou esses mesmos animais com uma espécie selvagem, ou seja, sem a deleção do gene, fazendo o chamado ‘desafio’, em que se verifica se há sinais imunológicos. “Ele viu que a vacinação promove a liberação de citocinas associadas com a proteção e ainda identificou uma diminuição da carga parasitária nos camundongos, por meio de um método de quantificação desenvolvido durante o estudo. Esses animais não desenvolveram a doença. Já um outro grupo de camundongos foi infectado somente com a cepa selvagem e desenvolveu a leishmaniose visceral”, explica o pesquisador.
Além de testar a cepa atenuada da espécie Leishmania infantum, o estudo avaliou também uma cepa da Leishmania mexicana, que causa a leishmaniose cutânea. Os animais foram infectados inicialmente com a cepa mutante, ou seja, que tiveram o gene kharon deletado, e, posteriormente, com a cepa selvagem da Leishmania infantum. “O objetivo foi avaliar se havia a chamada proteção heteróloga, ou seja, se a espécie associada à forma cutânea da doença é capaz de gerar proteção para a forma visceral, que é mais grave”, explica Rubens. Os resultados também indicaram a eficácia da cepa mutante, mostrando que pode haver proteção heteróloga.
De acordo com o pesquisador, já existem estudos promissores em andamento utilizando hamsters, em parceria com pesquisadores da Ufop, e o próximo passo será fazer os testes em modelos experimentais de não roedores. Se os resultados obtidos a partir dos testes em camundongos se repetirem, será possível pensar em um projeto que utilize essa cepa viva atenuada em um modelo de primata não humano, visando a um possível desenvolvimento de vacina para seres humanos. “Para os testes em cães, temos uma limitação, que é a indisponibilidade de canil, mas, se conseguíssemos superar isso, seria um grande avanço. A proposta desse encontro é justamente compilar o que foi feito até o momento e, também, pensar na renovação da rede e, no nosso caso, seria a continuidade de novos estudos utilizando essa cepa”, afirma Rubens.
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