10/09/2019

A Fiocruz Minas teve dois trabalhos agraciados com menção honrosa no Prêmio Oswaldo Cruz de Teses 2019, promovido pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC). A premiação é concedida anualmente a teses de elevado valor para o avanço do campo da saúde, em áreas temáticas de atuação da Fundação. Uma das teses premiadas, na categoria ciências biológicas aplicadas à saúde e biomedicina, é a da estudante Denise Anete Madureira de Alvarenga, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. O trabalho teve como objetivo ajudar a compreender melhor a transmissão da malária no contexto de Zoonose na Mata Atlântica, investigando a infecção por Plasmodium em Primatas não-humanos (PNHs). Para isso, foram descritas novas espécies de PNHs que podem atuar como reservatórios da doença, além de realizar a padronização de novas formas de obtenção de DNA para o diagnóstico molecular a partir de amostras de fezes e tecidos de PNHs. Também foi demonstrado que os surtos (presumidos) de Plasmodium vivax em regiões de Mata Atlântica do Rio de Janeiro são atribuíveis ao Plasmodium simium. Esse estudo inédito conseguiu comprovar molecularmente o caráter zoonótico da transmissão da malária em regiões de Mata Atlântica, mostrando através da análise do genoma mitocondrial completo que o mesmo parasito está circulando entre humanos e PNHs da região. De grande importância, foi desenvolvido um protocolo capaz de identificar esses casos zoonóticos, metodologia que se encontra sob pedido de Patente. “Esse trabalho é de extrema relevância para a saúde pública, uma vez que caracteriza a forma de transmissão da malária na região, e assim, permite o correto delineamento de estratégias de prevenção e controle da doença. Fiquei extremamente honrada com a premiação. É um reconhecimento ao trabalho de toda a equipe envolvida”, afirma Denise, que foi orientada pelas pesquisadoras Cristiana Ferreira Alves de Brito e Taís Nóbrega de Souza. A outra tese premiada, na categoria medicina, é da estudante Vanessa Silva Moraes, também do Programa em Ciências da Saúde. Em busca de um diagnóstico mais sensível destinado a áreas de baixa endemicidade para esquistossomose (predominantes no Brasil), o trabalho propôs a busca por novos alvos passíveis de serem aplicados no desenvolvimento de um novo teste imunológico para a esquistossomose. Foi realizada uma triagem, utilizando extrato de ovos de Schistosoma mansoni e amostras sorológicas humanas. A triagem resultou na identificação de um antígeno, o qual foi produzido através da tecnologia recombinante. Os passos iniciais de validação geraram resultados promissores no diagnóstico de pacientes com baixa carga parasitária (1–10 ovos por grama de fezes), residentes da área endêmica do norte de Minas Gerais, os quais não haviam sido identificados pela técnica convencional adotada atualmente. Mais estudos com esse antígeno continuam sendo realizados, a fim de aprimorar o teste para um formato de fácil execução e amplamente acessível às áreas afetadas. “Quero reiterar meu agradecimento aos meus orientadores e aos colaboradores das universidades parceiras (University of Georgia e UFOP), que trabalharam comigo durante esta jornada. Tenho plena convicção de que a ciência se constrói e desenvolve em parceria: Parabéns, essa conquista também pertence a vocês! Tenho orgulho e gratidão imensos por esse trabalho, por “terem me escolhido como aluna” e estou certa que muitos frutos ainda nascerão dele”, destaca Vanessa, que foi orientada pelos pesquisadores Paulo Zech, Rafaella Fortini e Lisa Shollenberger McEwen. O trabalho também recebeu Menção Honrosa do Prêmio CAPES de Tese 2019 da área de Medicina II. A seleção das teses foi realizada por uma comissão avaliadora de integrantes externos à Fundação e pelos professores que orientaram os trabalhos. No total, foram quatro vencedores e seis indicados a menções honrosas, que concorreram nas categorias: medicina; saúde coletiva; ciências biológicas aplicadas à saúde e biomedicina; e ciências humanas e sociais.