A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) acontece desde 2004 e, tradicionalmente, cada instituição promove ações de divulgação cientifica na cidade onde atua. Neste ano, a necessidade de distanciamento social imposta pela pandemia de Covid-19 poderia ter impedido a realização da 17ª edição do evento, mas a tecnologia, associada à inteligência humana, possibilitou não somente que a SNCT fosse realizada como também conectou pessoas de diferentes municípios de Minas Gerais e até de outros estados. Em uma mesma mesa-redonda, Varginha, Uberlândia e Belo Horizonte; em um mesmo seminário, Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Mistura de sotaques e saberes, que se repetiram em vários momentos da programação e mostraram que as dificuldades podem ser superadas com união e troca de conhecimentos.
“Este ano, pela primeira vez, abrimos inscrição de atividades para todo o estado, sendo todas incluídas na programação; tivemos a participação de instituições públicas e privadas de ensino e pesquisa de diferentes regiões do estado e fora dele, como, por exemplo, a universidade Federal de Uberlândia e a UF do Triângulo Mineiro e de diferentes campi do CEFET-MG (Varginha, Nepomuceno). Essa efetiva participação só foi possível porque tivemos um evento totalmente virtual. Acho que esse modelo de evento veio para ficar e vamos utilizar nos eventos futuros independentes da situação sanitária do país”, afirma a vice-diretora de Ensino, Comunicação e Informação da Fiocruz Minas, Cristiana Brito, coordenadora da SNCT.
Tendo como tema principal
Inteligência artificial, a nova fronteira da ciência brasileira, o evento contou com oficinas, mesas-redondas, painéis e vídeos temáticos. As apresentações versaram sobre os usos da inteligência artificial na saúde, no ensino e no dia-a-dia das pessoas e colocaram em debate temas como análise dos sentimentos por meio das inovações tecnológicas e uma série de questões éticas. O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, lembrou que, embora a inteligência artificial seja um assunto pertinente e interessante, é preciso se preocupar também com a inteligência natural.
“O tema abordado na SNCT deste ano é bastante significativo: inteligência artificial. Mas temos que nos preocupar também com a inteligência natural. Milhões de jovens estão sem aula, devido à pandemia. É preciso que os jovens tenham a oportunidade de desenvolver suas inteligências”, ressaltou.
Pandemia em foco- Além da “inteligência artificial”, outros temas de interesse foram abordados, como a pandemia de Covid-19. Em discussão, o papel da divulgação científica em tempos de pandemia, as iniciativas bem-sucedidas no decorrer desse período pandêmico, e as desigualdades geradas e aprofundadas pela Covid, acarretando mais sofrimento para as populações em situação de vulnerabilidade.
“Estamos em luto, um luto societário. É preciso transformar essa dor, esse luto, em memória e, por isso, a importância de trazermos para esse evento discussões em torno da pandemia. É fundamental que a gente pense em várias estratégias de discussão dessa memória. A SNCT é uma oportunidade de pensar não somente em ciência, mas em políticas de uma forma geral”, afirmou o secretário-regional da SBPC-Minas, Luciano Mendes.
Também fizeram parte da programação debates relacionados a meio-ambiente e sustentabilidade; diálogos entre saberes, cultura e arte; além de uma série de discussões voltadas para o fortalecimento das instituições de C, T & I e financiamento da pesquisa no estado. Uma das atividades foi a audiência pública, realizada na sexta-feira (23), último dia do evento, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), para tratar sobre a situação da Fapemig e seu futuro próximo. Encerrando a SNCT, o músico Leonel Laterza trouxe sucessos da bossa-nova e da MPB.
Quem não conseguiu acompanhar todas as atrações durante a semana ainda pode assistir às apresentações. É só acessar o canal
Ciência de MG , no Youtube, e clicar na atividade que deseja ver.