29/05/2025
Entre os dias 27 e 30 de maio, estudantes, pesquisadores, docentes e profissionais de diferentes áreas da Fiocruz Minas estão reunidos na 6ª Jornada Científica, 33ª Reunião Anual de Iniciação Científica (Raic ) e 20ª Reunião do Programa de Vocação Científica (Provoc). Durante o evento, realizado no Hotel Dayrell, alunas e alunos da unidade têm a oportunidade de apresentar os trabalhos em que estão envolvidos, trocar informações e compartilhar aprendizados. Ao longo dos quatro dias, serão mais de 200 apresentações, entre sessões orais e exibição de pôsteres, além de palestras ministradas por pesquisadores de diferentes instituições. Na abertura do evento, a vice-diretora de Ensino da unidade, Rita de Cássia Moreira de Souza, deu as boas-vindas aos presentes e destacou a importância do encontro.
“Hoje é um dia muito especial para todos nós, não apenas porque recebemos nossos estudantes para mais uma jornada científica, mas porque esse evento representa uma rara e valiosa oportunidade de reunir toda a comunidade em um ambiente acadêmico, acolhedor e inclusivo, cujo objetivo maior é promover a integração entre os diferentes níveis de formação. A jornada é, acima de tudo, um espaço de celebração do conhecimento e de valorização do percurso formativo. Mais do que apresentar resultados, nossos estudantes compartilham aqui processos, ideias, inquietações, que é o que dá força e sentido à produção científica”, afirmou.
Durante seu pronunciamento, Rita traçou um breve panorama da área de ensino na instituição, apresentou as atividades do evento e, antes de encerrar sua fala, chamou à frente todas as pessoas que participaram da organização da jornada, ressaltando a importância da participação de cada um dos envolvidos. “Esse evento é construído a muitas mãos. Pela dimensão do evento, vocês podem imaginar os muitos desafios e dificuldades que a gente encontrou no caminho. Mas, com essa equipe, que em algum momento eu chamei de ‘equipe furacão’, tudo foi resolvido”, disse.
A coordenadora-geral de Educação, Eduarda Sessi, e a coordenadora-adjunta stricto-censu da Fiocruz, Isabela Fernandes Delgado, que não puderam comparecer presencialmente, enviaram um vídeo para desejar um evento produtivo aos participantes. “A gente deseja uma semana muito rica em termos de debates e de avanços na formação de cada um de vocês. Que a jornada seja um momento de ricos debates, de todos os níveis de formação, e que haja uma ótima interação entre estudantes, docentes e pesquisadores”.
Representando os estudantes da Fiocruz Minas, a doutoranda Poliana Carvalho falou sobre sua trajetória e a potência transformadora da ciência. “Estar aqui hoje tem um significado enorme para mim. Eu comecei minha trajetória na Fiocruz como mestranda e, hoje, sou doutoranda em Saúde Coletiva. Essa caminhada me fez perceber, na prática, a força da ciência que é feita aqui, uma ciência comprometida com a vida, com o SUS, com o coletivo”, disse.
Poliana também deixou uma mensagem aos colegas de pós-graduação e aos estudantes de outros níveis. “Aos colegas de pós, mestrandos e doutorandos, a gente sabe que não é fácil fazer ciência no Brasil. Mas também tem muita troca, muito aprendizado, muito encontro bonito nesse percurso. E eu queria também me dirigir com muito carinho aos estudantes de graduação de outras instituições que fazem iniciação científica aqui com a gente. Sei que para muitos é o primeiro contato mais direto com a pesquisa. E é nesse momento que muita coisa se revela. Então, que essa experiência na Fiocruz seja uma porta aberta para o futuro. E aos estudantes do ensino médio que fazem parte do PROVOC, vocês são muito bem-vindos e muito importantes aqui”, destacou.
Provoc- Coordenadora do Programa de Vocação Científica (Provoc), Fabiana de Oliveira Lara apresentou um panorama do programa, criado em 1986 e implantado na Fiocruz Minas em 1998. “O programa tem como foco despertar o interesse para a área científica e ampliar o interesse ao ensino superior. Os dados mostram que o ingresso e conclusão dos brasileiros no ensino superior ainda é um desafio; nesse contexto, quando pensamos nos estudantes de escolas públicas, que já enfrentam uma série de dificuldades, o Provoc apresenta a eles um universo de possibilidades e vivências nas áreas da saúde, ciência e tecnologia, democratizando o acesso ao conhecimento”, afirmou.
Fabiana ressaltou que, em 27 anos, mais de 100 bolsistas passaram pelo Provoc e se despertaram para novas possibilidades. “Em uma pesquisa institucional da qual tive a oportunidade de contribuir, foi possível constatar quanto o programa trouxe uma nova perspectiva de vida, tanto pessoal como profissional, estimulando o desenvolvimento de novas aptidões, e como isso influenciou na carreira acadêmica e escolha da profissão desses jovens”, contou. Ela encerrou seu pronunciamento lendo o depoimento de uma ex-aluna do Provoc, hoje professora.
À frente do Programa de Iniciação Científica, Juliana Mambrini reforçou o papel dos estudantes como centro da produção científica: “É em vocês que a ciência encontra, não apenas continuidade, mas também renovação e ousadia. Essa jornada é uma oportunidade de apresentar resultados, conhecer as pesquisas dos colegas, trocar ideias, ampliar redes”. Ela lembrou a importância de aproveitar cada espaço do evento: “Cada pôster, cada apresentação oral, cada conversa nos corredores carrega uma oportunidade singular de crescimento. Participem. Perguntem. Escutem. Se joguem. É um espaço seguro para errar, aprender e crescermos juntos”, salientou.
Ao final de sua fala, Juliana se despediu da coordenação do Programa de Iniciação Científica, agradecendo pela oportunidade e desejando sucesso às novas coordenadoras. “Para finalizar, desejo que este evento seja para cada um de vocês, estudantes, um momento especial, que ele fortaleça sua paixão pelo conhecimento, sua confiança na ciência e que vocês encontrem aqui um ambiente acolhedor, rico em aprendizados, debates e novas possibilidades. Que as relações aqui estabelecidas sejam respeitosas e afetuosas, porque, sim, podemos e devemos encontrar a fé quando se faz ciência. Que sejam dias inspiradores e transformadores”.
Pós-graduação- A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Paula Dias Bevilacqua, destacou a importância da Jornada como espaço agregador entre estudantes e pesquisadores, e chamou atenção para as desigualdades de gênero. “Até porque faz parte da minha reflexão como pesquisadora, não pude deixar de notar a grande maioria de mulheres envolvidas na organização do evento, que é um trabalho que se aproxima do trabalho do cuidado, e o trabalho do cuidado é historicamente produzido e reproduzido por mulheres. E por que isso também é desigualdade? Por conta da sobrecarga de trabalho. Se a gente está preocupado em produzir ciência de qualidade, que realmente transforme o mundo, a gente tem que pensar na forma como a gente produz ciência e nas desigualdades implícitas que estão dentro desse fazer”, pontuou.
Paula também aconselhou os estudantes a aproveitarem o evento para conhecer os diferentes temas apresentados. “Circulem entre grupos que não são os grupos que vocês já estão inseridos no cotidiano. Permitam-se conhecer outros temas, como estão sendo abordados. Esse é um espaço muito produtivo para promover essa circulação, então, a minha sugestão aqui é para que procurem ser o máximo curiosos possível. Tenham uma boa jornada e que vocês tenham uma experiência bastante significativa”, salientou.
A nova coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Cristina Toscano, fez uma apresentação sobre a trajetória e os indicadores do programa, criado em 2003. A docente ressaltou a excelência alcançada ao longo dos anos — com conceito 6 na avaliação da Capes — e a constante adaptação das áreas de concentração às linhas de pesquisa do corpo docente. “Atualmente, temos 77 estudantes matriculados, sendo que, desse total, 70% são mulheres. São 22 estudantes de mestrado e 55 de doutorado”, contou.
Cristina também compartilhou dados sobre os egressos do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, obtidos a partir de um questionário aplicado no ano passado, entre estudantes que passaram pela instituição no período entre 2013 e 2024. Um total de 191 ex-alunos responderam ao levantamento. A maior parte dos egressos é composta por mulheres, entre 20 e 30 anos, e 62,6% dos entrevistados relataram aumento salarial após a conclusão do curso. A coordenadora também apontou desafios relacionados à diversidade e inclusão, já que apenas quatro egressos ingressaram por meio de ações afirmativas, e nenhum estudante com deficiência concluiu o curso no período analisado.
Estudantes em foco- A nova diretora da Fiocruz Minas, Cristiana Brito, iniciou sua fala com agradecimentos à comissão organizadora do evento. Em um discurso marcado pela valorização do protagonismo estudantil, Cristiana fez questão de direcionar suas palavras especialmente aos estudantes.
“Este é um momento em que os estudantes estão em destaque, e a gente precisa aproveitar essa oportunidade para pensar no papel dos estudantes dentro da instituição. É muito importante aumentar o protagonismo estudantil, rediscutir a participação dos estudantes em esferas de governança, para que eles sejam mais engajados na vida institucional”, afirmou. A nova diretora também destacou a importância da reformulação da Associação de Pós-Graduandos (APG), sugerindo que ela assuma um papel duplo: político e social. “Essa combinação é fundamental para a instituição”, defendeu. Além disso, anunciou o nome de Sérgio Peixoto como novo vice-diretor de Ensino.
Cristiana comentou ainda os dados apresentados sobre egressos da instituição. “A gente ainda precisa melhorar e ampliar muito as ações afirmativas, tanto para o ingresso quanto para a permanência dos estudantes na instituição. Também precisamos discutir mais profundamente a contribuição dos nossos programas para o SUS e para o sistema de ciência e tecnologia”, disse. Ela encerrou sua fala com uma mensagem inspiradora: “Nosso desafio é tornar a carreira científica mais atraente. Precisamos resgatar a empolgação. Os estudantes têm que vir pra cá com vontade de fazer parte da instituição”.
O diretor Roberto Sena Rocha, que está deixando o cargo, encerrou os pronunciamentos, trazendo um olhar de quem dedicou 50 anos à Fiocruz. “É uma honra estar nesta mesa, com sete mulheres, o que mostra o perfil da nossa instituição. Costumamos pensar na mulher cuidadora, mas hoje quero destacar a mulher líder. Esta mesa está cheia delas. É importante continuar falando do que ainda precisamos do que ainda melhorar, mas também reconhecer o que já avançou nesses últimos 70 anos; e eu tive a felicidade de acompanhar durante 50 anos. Pude vivenciar toda essa história, todo esse desenvolvimento”, destacou.
Lembrando que está deixando o cargo, ele aproveitou a ocasião para agradecer a equipe e fazer um apelo pela continuidade da missão institucional. “O IRR precisa de todos vocês. Juntos, precisamos construir uma instituição que dê respostas para a ciência e para o SUS. Cris e Sérgio, está nas mãos de vocês continuar esse trabalho com os alunos. Contem conosco sempre”, finalizou.
Após a dissolução da mesa, o Coral Fiocantos de Minas apresentou canções de Roupa Nova, Marcelo Geneci e Almir Sater.
Rolê no René- Ainda durante a cerimônia, a também coordenadora do Provoc, Danielle Costa Silveira, apresentou o curso “Rolê no René”, desenvolvido especialmente para adolescentes do ensino médio que ingressam na instituição. Segundo ela, o curso surgiu a partir da identificação de dificuldades enfrentadas por esses alunos ao compreenderem o funcionamento da Fiocruz.
“O conteúdo de inserção era muito técnico, com excesso de leituras e uma linguagem difícil. Já o curso introdutório de divulgação científica tinha um perfil mais próximo, mas era incompatível com a carga horária reduzida dos alunos do Provoc. O 'Rolê no René' foi pensado para ser lúdico e interativo, oferecendo uma visão ampliada do IRR”, explicou Danielle.
O curso, totalmente EAD e autoinstrucional, tem carga horária de cinco horas e é dividido em módulos que usam recursos adequados à faixa etária de 14 a 15 anos. Segundo Danielle, essa foi a primeira experiência do recém-criado Núcleo Pedagógico de Tecnologias Educacionais do IRR. “Foi um trabalho construído a muitas mãos”, destacou.
Ela também aproveitou para convidar novos orientadores a se engajarem com o Provoc. “Temos tido baixa adesão. Qualquer pessoa com mestrado, de qualquer área, pode orientar. Inclusive estudantes de doutorado. Esse é um momento decisivo na vida desses adolescentes, em que escolhem a carreira que querem seguir”, reforçou.
Com falas que exaltaram a força dos estudantes, o papel transformador da educação e o compromisso com o futuro da ciência brasileira, a 6ª Jornada Científica reafirma o compromisso da Fiocruz Minas com a formação de novas gerações de cientistas e com a inclusão como caminho para a inovação.
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