Com estandes coloridos, jogos, oficinas e experimentos, a Fiocruz Minas recebeu, nos dias 21 e 22 de outubro, estudantes e professores de várias cidades para participar da 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). O evento, realizado no Centro de Referência da Juventude, teve como tema Planeta Água: a cultura oceânica para enfrentar as mudanças climáticas no meu território e convidou o público a mergulhar nas conexões entre os oceanos, o clima, a saúde e o cotidiano.
Nos dois dias de atividades, cerca de 1.200 crianças e adolescentes de escolas públicas de Belo Horizonte e municípios vizinhos vivenciaram experiências científicas, de forma leve, criativa e interativa. A coordenadora do Comitê de Divulgação Científica da Fiocruz Minas, Fabiana Lara, destacou que o objetivo da SNCT é aproximar a ciência da população e mostrar que ela faz parte do cotidiano.

“Nosso objetivo é aproximar a população do conhecimento científico por meio de uma linguagem interativa e lúdica, com oficinas, jogos e apresentações. Também buscamos reforçar a importância da sustentabilidade, utilizando materiais reaproveitados na cenografia e nas atividades do evento”, explicou.
Uma das atrações foi a instalação O rio que nos atravessa, que convidava o público a percorrer três tempos simbólicos do curso de um rio: o passado, o presente e o futuro. No primeiro trecho, as nascentes e os rios preservados lembravam o tempo anterior à degradação ambiental. No segundo, o curso d’água aparecia canalizado e poluído, um retrato da urbanização. E, por fim, o visitante era levado a refletir sobre um futuro possível em que o rio, mesmo ferido, segue vivo, evocando saberes ancestrais e práticas sustentáveis.
Entre oficinas de reciclagem, exposições de insetos, aquários com espécies do Rio São Francisco e jogos como o Missão Resgate – Salvando Vidas nas Enchentes, a programação mostrou como ciência e diversão podem caminhar juntas. Painéis e rodas de conversa inspirados no livro Ideias para adiar o fim do mundo, de Ailton Krenak, provocaram reflexões sobre a relação entre meio ambiente, sociedade e cultura. Houve ainda palestras com Marly Beiraldo, da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Sarzedo, a Acamares, e da professora Andreza Rodrigues, que perdeu o filho em 2019, durante o rompimento da barragem da Vale e, hoje, prefeita do município de Mario Campos, tem desenvolvido um trabalho na cidade voltado para o tratamento de resíduos.


Os escape rooms, sempre movimentados, desafiaram os visitantes com enigmas científicos. Em O Enigma de Lassance, o público precisava desvendar os mistérios da descoberta da doença de Chagas. Já em “Cientistas em Ação”, o tempo era o inimigo: os participantes precisavam usar o raciocínio científico para salvar pacientes de um hospital fictício.
O estande da oficina Explorando Sentidos também ficou lotado. A atividade convidou o público a vivenciar diferentes percepções sensoriais por meio da privação de alguns sentidos. O público se divertiu ao testar o tato de olhos vendados, tentando adivinhar os objetos que tocavam, e ao exercitar o olfato, identificando aromas.

OBSMA- No espaço dedicado à Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (Obsma), os visitantes conheceram o histórico da iniciativa, as temáticas abordadas e as formas de participação de escolas e estudantes. O estande também promoveu atividades interativas, como o jogo educativo Quem sou eu: saúde e ambiente?, que estimulou o aprendizado de forma lúdica entre os participantes mais jovens.
Outra atração foi a oficina Arte Reciclável com Saberes Aquáticos, que reuniu alunos de escolas públicas já participantes do programa Alunos em Ação, da Obsma. Utilizando materiais recicláveis fornecidos pela Fiocruz Minas, os estudantes criaram obras que representavam a relação entre os rios mineiros (São Francisco, Doce, Jequitinhonha e Rio das Velhas) e os saberes sobre a água em seus territórios, promovendo reflexões sobre cultura oceânica, sustentabilidade e mudanças climáticas.
Segundo Stephanie dos Santos Cabral, assistente de gestão da Regional Sudeste 2 da Obsma, a Olimpíada atua diretamente na mobilização das escolas para o evento. “Todo ano, eu, que também faço parte do Comitê de Divulgação Científica, utilizo a rede de contatos da Obsma e de outros projetos da Fiocruz, como o Meninas e Mulheres na Ciência, para convidar as escolas a participarem”, explicou. Neste ano, foram selecionadas 29 turmas de diferentes perfis, incluindo alunos do Instituto Estadual Francisco Salles, jovens do programa Jovem Protagonista e grupos de escoteiros.

Stephanie destacou ainda a exposição produzida por alunas do projeto Mentoria nas Escolas, de Baldim (MG), e o jogo Corrente do Saber – Desvendando a Cultura Oceânica, criado especialmente para o evento. “As meninas vieram ver a exposição que elas mesmas fizeram, e o jogo foi desenvolvido com base no tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. As escolas têm participado ativamente, e os estudantes estão se divertindo muito com as atividades”, completou.
Aprender brincando- Professores e estudantes saíram do evento com novas ideias e inspirações. Para Eliane Ferreira de Almeida, professora da Escola Estadual Reny de Souza Lima, de Santa Luzia, participar da SNCT foi mais do que uma visita: foi uma extensão da sala de aula. “Essa interação ajuda a reforçar o que é ensinado em sala; eu mesma, que leciono a disciplina de português, pretendo trabalhar com eles essa experiência aqui em uma produção de texto”, revelou. “São crianças muito inteligentes. Elas se interessam, participam, aprendem. É um orgulho ver o entusiasmo dos meus alunos”, disse.
Os alunos da professora Eliane também não esconderam o encantamento. “Aprendi sobre os bichos e como evitar doenças, como a dengue. Gostei muito!”, disse Ryan Samuel Santos, de 12 anos. “É minha primeira vez e está sendo uma experiência muito legal. Quero vir mais vezes”, completou o colega Vítor Nunes Pereira dos Santos.


A professora Kátia Cristina Dias, da Escola Municipal Carlos Drummond de Andrade, de Belo Horizonte, destacou o envolvimento dos alunos nos jogos e oficinas. “Eles aprendem brincando. E o bom é que vão poder usar os conhecimentos em breve: teremos uma feira cultural na escola, no dia 1º novembro, e eles já estão aprendendo como fazer uma apresentação”, relatou.
De Pará de Minas, a supervisora Simone Gabriela Duarte Pereira, da Escola Municipal Dona Cotinha, viajou duas horas com 40 alunos para participar. “Foi um esforço coletivo da escola. Trabalhamos o tema em sala antes, envolvemos as famílias e viemos com alunos muito curiosos e participativos”, contou.
Os estudantes confirmaram a empolgação. “Aprendi a importância de preservar o meio ambiente marinho”, disse Davi Rafael Ferreira Pinto, da 8ª série. “O que mais gostei foi aprender sobre o mar e de jogar. Foi muito bom!”, completou Maria Eduarda Barbosa, colega de turma.


A SNCT também recebeu visitantes como Stela Rodrigues Borges, de 10 anos, do grupo Escoteiros do Brasil, que resumiu a experiência com entusiasmo: “Estou aprendendo muitas coisas de ciências e descobrindo doenças e formas de prevenção. Nunca tinha visitado uma exposição assim e estou gostando muito”, disse.
Para Camile Victória, de 13 anos, da Escola Municipal José Maria dos Mares Guias, a oficina Explorando Sentidos foi a favorita. “Como a gente faz tudo vendado, acaba usando mais os outros sentidos. É diferente e muito divertido.” A colega Julia Gabriele de Santos Aquino também apontou sua atividade preferida: “Os animais empalhados são muito interessantes. Parecem de verdade! É a primeira vez que vejo algo assim”, afirmou.
Lucas Maciel Prates, da Amici, Escola de Jovens Aprendizes, ressaltou que o contato com pesquisadores foi inspirador. “Sou apaixonado por biologia e entender como os vírus e protozoários agem no corpo humano é fascinante. Poder conversar com quem trabalha nessa área é incrível”, afirmou.


Évelin Vilela, da mesma escola, contou que nunca havia visto de perto alguns dos materiais expostos. “Tocar em animais empalhados e ver caramujos no microscópio foi uma experiência única. Mesmo querendo seguir carreira como designer gráfico, que não é da área de biologia, adorei aprender mais sobre a natureza”, disse.
Já Maria Eduarda Rocha, da Escola Estadual Alisson Pereira Guimarães, resumiu a visita como uma experiência inesquecível: “Minha avaliação é muito boa. Amei essa experiência, uma oportunidade muito boa que nos foi oferecida de aprender coisas novas, curiosidades, de testar nossos conhecimentos. Fui a uma sala em que era para ser cientista e detetive ao mesmo tempo. Foi uma experiência muito legal e, com certeza, vou guardar para o resto da minha vida”, afirmou.
A 22ª SNCT contou com o apoio de diferentes instituições, entre elas Prefeitura de Belo Horizonte, por meio de diferentes órgãos; Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz); Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa); Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e Museu da PUC Minas.