Um estudo realizado pelo grupo Saúde, Educação e Cidadania, da Fiocruz Minas, analisou como os corpos LGBTQIA+ ainda enfrentam barreiras para o acesso pleno e humanizado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os resultados foram reunidos no capítulo A vulnerabilização e o (não) reconhecimento dos corpos LGBTQIA+ na rede de atenção à saúde: desafios para um cuidado público e integral, que integra o livro Corpos Insubmissos: políticas, (est)éticas e resistências.
No capítulo, a equipe de pesquisa explica que o estudo, de caráter qualitativo, envolveu grupos focais, entrevistas semiestruturadas e observação participante, buscando compreender as necessidades e demandas em saúde integral e direitos humanos da população LGBTQIA+ em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Foram considerados marcadores como gênero, orientação sexual, raça, classe, geração e território, entre outros.
Ao longo do texto, o grupo relata que o estudo evidencia como o corpo é um elemento central na constituição das experiências individuais e sociais, e aponta que a não correspondência entre características biológicas, identidade de gênero, orientação sexual e comportamentos socialmente esperados coloca pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade, marginalização e violência. Apesar de avanços importantes, como políticas públicas que garantem o direito à saúde dessa população, os desafios permanecem. O atendimento, muitas vezes, reproduz práticas institucionais e sociais ainda sustentadas por valores cisheteronormativos, que reduzem os sujeitos a uma visão biologizante e limitam o acesso ao cuidado de forma plena.
O capítulo também propõe reflexões sobre a importância de incorporar a noção de cuidado público ao cuidado em saúde, para que o SUS avance na oferta de uma atenção integral, humanizada e orientada para os direitos da população LGBTQIA+.
Organizada por organizado por Conrado Neves Sathler e Esmael Alves de Oliveira, a obra Corpos Insubmissos: políticas, (est)éticas e resistências reúne uma série de pesquisas, debates e reflexões, dando visibilidade a vozes e experiências diversas na luta por direitos e dignidade. O livro está disponível em formato online.