O pesquisador da Fiocruz Minas Luiz Alcântara recebeu, no dia 6 de novembro, a Medalha Amigo da Marinha, concedida a civis e militares que se destacam em atividades de apoio à Marinha do Brasil. A honraria reconhece ações que promovem os valores e a cultura marítima e reforçam a importância do mar e dos rios para o país. A solenidade foi organizada pelo Comando do 6º Distrito Naval e realizada no Hotel de Trânsito da Marinha, em Ladário (MS).
Alcântara foi agraciado pela idealização e coordenação do projeto Navio (sigla para Navegação Ampliada para a Vigilância Intensiva e Otimizada), que adota uma abordagem inovadora ao integrar saúde humana, animal e ambiental, a chamada Saúde Única. A iniciativa amplia o alcance das ações já desenvolvidas pela Marinha do Brasil, que tradicionalmente leva atendimento médico e odontológico a comunidades ribeirinhas e isoladas.
“Em nome da Fiocruz e de toda a equipe do Projeto Navio, agradeço à Marinha do Brasil, especialmente ao 6º Distrito Naval, pelo apoio que tem viabilizado o atendimento a comunidades ribeirinhas historicamente invisibilizadas às margens do Rio Paraguai, nos trechos mais remotos do Pantanal”, destacou o pesquisador em seu discurso na solenidade.
Segundo Alcântara, com o suporte logístico, operacional e humano da Marinha, já foram realizadas quatro grandes missões de campo e, em breve, acontecerá a quinta. “Somente no Tramo Sul, mais de 900 pessoas foram atendidas com ações de saúde, educação ambiental, distribuição de cestas básicas e filtros, além de atividades de vigilância epidemiológica voltadas a doenças negligenciadas, como doença de Chagas e leishmanioses, e também sífilis, hepatites, parasitoses e infecções respiratórias”, destacou.
Projeto- Iniciado em novembro de 2023, o projeto Navio possibilitou a expansão das ações realizadas pela Marinha, de forma a incluir análises epidemiológicas, genômicas e climáticas, possibilitando uma compreensão mais ampla das interações entre agentes causadores de doenças, vetores, hospedeiros e o ambiente
Além do atendimento, o projeto investiga o que circula nessas regiões, onde populações isoladas vivem em contato com diferentes animais. São coletadas amostras de sangue, fezes e secreção orofaríngea de pessoas, além de amostras de animais silvestres, domésticos, insetos vetores, água e esgoto. O material passa por análises que permitem identificar doenças existentes e prever possíveis emergências sanitárias futuras.
Com duração de cinco anos, o Projeto Navio também conta com a parceria das Secretarias Estaduais de Saúde do Mato Grosso (SES-MT) e do Mato Grosso do Sul (SES-MS).