Fiocruz Minas e SES-MG realizam Jornada Mineira de Arboviroses

Teve início, nessa quinta-feira (4/9), a Jornada Mineira de Arboviroses 2025, promovida pela Fiocruz Minas e pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). A programação reúne dois encontros complementares: o Seminário Estadual de Arboviroses: Diretrizes da Política de Vigilância, Prevenção e Controle, realizado nos dias 4 e 5 de setembro, e o III Seminário de Manejo Clínico das Arboviroses: Qualificação da Assistência para o Período Sazonal, que acontecerá em 8 e 9 de setembro. Ambos os eventos acontecem no Auditório Juscelino Kubitschek, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte.

Durante a abertura, a diretora da Fiocruz Minas, Cristiana Brito, destacou a importância da iniciativa. “Este encontro é um espaço essencial de diálogo, de troca de experiências e fortalecimento das estratégias de enfrentamento às doenças transmitidas por arbovírus, como dengue, zika, chikungunya, febre amarela, entre outros agravos que continuam sendo um desafio permanente para a saúde pública em nosso estado e em todo o país”, disse.

A diretora também ressaltou que a jornada simboliza a consolidação da parceria entre Fiocruz Minas e SES-MG. “Essa atuação reafirma nosso compromisso histórico com a saúde pública, a ciência de excelência e o fortalecimento do SUS. O enfrentamento das arboviroses exige muito mais do que vigilância e controle vetorial: exige ciência comprometida com a realidade local, integração entre pesquisa, gestão e atenção básica. Este encontro é mais uma expressão do esforço conjunto em transformar conhecimento em políticas públicas eficazes”, destacou.

Representando o Colegiado de Secretários Executivos e Consórcios Públicos de Minas Gerais, Aurélio Matos de Oliveira enfatizou o papel pioneiro dos consórcios na descentralização das políticas de vigilância. Ele lembrou a implantação das Unidades de Bloqueio Vetorial (UBVs) em parceria com o Estado e afirmou que novas iniciativas estão em andamento. “Temos um só propósito: cuidar e melhorar a assistência para os usuários do SUS no nosso território. Minas marca, mais uma vez, como protagonista, como pioneira no trabalho de inovação do serviço público”, afirmou.

Na sequência, Leandro Leonardo de Assis Moreira, representante do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems-MG), reforçou a importância da articulação entre estado, municípios e consórcios. “Estratégias como as UBVs e o uso de drones para mapeamento nos tiram do escuro, permitem atuar de forma focal e facilitam o trabalho epidemiológico. Já tivemos avanços significativos em 2024 e acredito que, com mais capacitação e organização, vamos alcançar resultados ainda melhores até 2026”, disse.

O representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Wildo Navegantes de Araújo, alertou para o impacto das mudanças climáticas e do processo de urbanização sobre a propagação das arboviroses. “São cenários que trazem cada vez mais desafios. Novas e antigas tecnologias precisam ser utilizadas de forma integrada, e iniciativas como essa demonstram o compromisso de Minas em fortalecer suas estratégias de vigilância e controle”, avaliou.

Já a representante do Ministério da Saúde, Lívia Carla Vinhal Frutuoso, enfatizou o protagonismo mineiro na formulação de políticas nacionais. “Minas Gerais é sempre um estado muito importante para a gente. Muitas vezes, experiências locais serviram de inspiração para políticas nacionais. Trabalhar com arboviroses é realmente uma jornada, exige dedicação constante e um tempo de reação sempre muito curto. Mas acredito que, com o esforço conjunto de estados e municípios, conseguiremos avançar no enfrentamento”, ressaltou.

Encerrando a abertura, o subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Campos Prosdocimi, ressaltou a importância da cooperação entre gestores para fortalecer o SUS. Ele destacou que a presença do Ministério da Saúde em Minas reforça a relação “tripartite republicana” e reconheceu o ambiente de diálogo construído na bipartite estadual como fundamental para avanços: “Se muitas políticas inovadoras estão sendo feitas em prol do fortalecimento do SUS, é porque temos um ambiente muito saudável, em que concordamos e discordamos, mas sempre construímos juntos políticas para a população”, declarou.

Prosdocimi também enfatizou a relevância de parcerias com consórcios intermunicipais, a Opas e a Fiocruz. Ao se referir à Jornada Mineira de Arboviroses, ele afirmou que o nome traduz a ideia de preparação contínua: “Ao invés de pensarmos somente em como combater emergências, a Jornada nos mostra como percorrer o caminho da preparação, para que a resposta seja cada vez mais oportuna”. Segundo ele, Minas Gerais vem reforçando estratégias com novos recursos, planos de contingência e capacitações, sempre com um objetivo: “É por eles, é pela gente, pelos 21 milhões de mineiros e mineiras, que fazemos esse trabalho conjunto e, com certeza, venceremos”, destacou.

Mestrado profissional- Na parte da tarde, uma das apresentações foi ministrada pela pesquisadora da Fiocruz Minas, Rita de Cássia Moreira de Souza, coordenadora da turma Minter do Mestrado Profissional em Vigilância em Saúde e Controle de Vetores, que destacou a importância do programa para a formação de profissionais qualificados no país. “Como já foi dito aqui hoje, é mais ‘fácil’ trabalhar na perspectiva do controle e vigilância do vetor do que dar conta do problema depois. Por isso, essa formação é estratégica”, ressaltou.

Segundo ela, o curso nasceu a partir de uma demanda do Ministério da Saúde e já alcançou nota 4 na avaliação da Capes, cuja pontuação máxima é 5. O programa, que está em sua oitava turma, também mantém cooperação internacional por meio do Brasil-Angola, ampliando sua atuação para outros países.

O curso é estruturado em oito disciplinas obrigatórias, parte delas ofertada de forma online e síncrona, e uma etapa prática presencial, no Rio de Janeiro ou, na modalidade Minter (Mestrado Interinstitucional), em Belo Horizonte.

Os alunos contam com apoio de docentes de diferentes instituições e comissões permanentes, que acompanham desde a elaboração dos projetos até a defesa final. “O mestrado profissional é para construir junto com os estudantes, em busca de respostas cada vez mais oportunas. Qualquer problema que precise de encaminhamento terá um docente para apoiar. O objetivo é gerar frutos no território, atendendo às necessidades concretas do serviço de saúde”, afirmou a coordenadora. Os trabalhos desenvolvidos no mestrado resultam em produtos aplicados, como manuais, notas técnicas, jogos educativos, aplicativos, protocolos, entre outros, voltados ao fortalecimento da saúde pública.

Nos próximos dias, outros profissionais da Fiocruz Minas vão conduzir atividades na jornada. A pesquisadora Lileia Diotaiuti mediará a sessão Estratégias institucionais para o controle vetorial e a vigilância entomológica; e Tatiana Mingote, que atuou também na organização do evento, será moderadora da sessão Gestão em saúde para a governança e planejamento em arboviroses.

Foto interna: Carolina Menezes/SES-MG